A
Importância da Educação Infantil na Formação do Cidadão
Crítico/Reflexivo é um assunto que deve ser afirmado frente aos
profissionais da Educação, observando a diferença, no 1º ano do Ensino
fundamental, entre os alunos que cursaram e não cursaram a Educação
Infantil; e esclarecendo de que maneira essa etapa da educação pode
contribuir na formação cognitiva e social do homem. Essa etapa
educacional apresenta elevado valor, uma vez que durante esse período da
vida é formada a personalidade da criança, determinando fatores que
influenciarão no adulto em que se tornará. Contudo, ainda não há
considerável conhecimento e valorização dessa etapa de ensino;
tornando-se necessária a divulgação de seus benefícios e sua
significativa colaboração na melhoria da qualidade de vida.
Foram utilizadas para a realização desse trabalho:
pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, onde os resultados obtidos
enfatizaram a importância dessa primeira etapa de ensino, uma vez que os
entrevistados que cursaram a Educação Infantil, apresentaram maior
segurança social e cognitiva.
As primeiras experiências são as que marcam mais
profundamente a pessoa, e quando positivas, tendem a reforçar, ao longo
da vida, as atitudes de autoconfiança, de cooperação, solidariedade,
responsabilidade.
A Educação Infantil é algo mágico, único e essencial
na vida do homem; que "canta e encanta" a quem a ela tem acesso; sendo
rico e engrandecedor acompanhar o desenvolvimento desses pequenos seres
durante essa etapa de suas vidas. É incrível a percepção da capacidade
de aprendizado das crianças, sua receptividade, carinho e pureza, e o
que uma educação de qualidade e devidamente adequada ao desenvolvimento
cognitivo, motor, social e emocional, vivenciado por elas, pode fazer em
suas histórias.
Para Antunes (2006) se a ciência mostra que o período
que vai da gestação até o sexto ano de vida é o mais importante na
organização das bases para as competências e habilidades desenvolvidas
ao longo da existência humana, prova-se que a etapa educacional
referente a essa faixa etária é imprescindível para o seu
desenvolvimento. Todavia, surge à seguinte reflexão: a Educação Infantil
pode realmente contribuir na formação de um cidadão crítico e
reflexivo, cognitiva e socialmente?
Com intuito de responder a problematização acima,
propõe-se como objetivo geral afirmar a importância da Educação Infantil
para a formação crítica e reflexiva do cidadão frente à formação dos
profissionais da área educacional. Os objetivos específicos que se
ramificam da proposta inicial, apresentam-se com a finalidade de
comparar e identificar as diferenças nos obstáculos sociais e
educacionais, enfrentados pelas pessoas que não cursaram a Educação
Infantil e entram direto na primeira fase do Ensino Fundamental;
identificar de que maneira a Educação Infantil pode contribuir na
formação do cidadão crítico/reflexivo.
O presente artigo é parte integrante de pesquisa da
Faculdade Fortium do Distrito Federal, defendida no ano de 2009, como
requisito final para obtenção do grau de Licenciamento em Pedagogia.
As técnicas utilizadas na pesquisa foram questionário
e entrevistas diretas com professoras do 1º ano do Ensino Fundamental
comprovou-se que a Educação Infantil é de extraordinário valor no
desenvolvimento humano. Os entrevistados que encontraram dificuldades de
adaptação, cognitivas, sociais ou emocionais, ou que ainda apresentaram
receio ao ingressar no Ensino Fundamental, são aqueles que não cursaram
a Educação Infantil e não obtiveram contato algum com esse nível de
ensino durante a primeira infância. Os questionários foram aplicados a
quarenta (40) adultos em idade entre 20 e 30 anos, cidadãos comuns
atuantes da sociedade, através do trabalho e relações sociais que
estabelecem, com o grau mínino de instrução de Ensino Médio, moradores
de Brasília/DF.
Das 40 (quarenta) pessoas que responderam o
questionário, 12 (doze) não cursaram, 6 (seis) cursaram incompleta e 22
(vinte e dois) cursaram por completo a EI. Parte dessas pessoas
apresentou dúvidas referentes à qual etapa do ensino se referia a
Educação Infantil; e outros, ainda demonstraram não aplicar valor ou
importância a esse nível educacional.
Por sua vez, os entrevistados que cursaram a Educação
Infantil afirmaram descobrir aprendizados e relações significativas,
como: descoberta da leitura e da escrita, cores, números, brincadeiras,
histórias, músicas, boas maneiras, hábitos de higiene e relações sociais
com professores e colegas.
É preciso destacar algumas dessas experiências
proporcionadas pela Educação Infantil, que concretizam seu trabalho e
que interferem positiva e significativamente no desenvolvimento humano e
na formação do cidadão crítico /reflexivo, devido às conseqüentes
transformações que partem dessas pequenas ações:
Parecer das Entrevistas
As entrevistas foram realizadas com dez (10)
professoras de 1º do Ensino Fundamental em Brasília, e percebeu-se que
crianças que não cursam a Educação Infantil apresentam dificuldades
superiores do que as que cursaram. Segundo essas professoras, as
dificuldades cognitivas podem ser praticamente inexistentes se a criança
obtiver estímulo em casa, o que ocorre raramente, devido às "modernas"
estruturas familiares e a aceleração diária do mundo adulto provocada
pelo excesso de atividades dos pais ou responsáveis, contudo, sempre há
maior e mais clara dificuldade nos aspectos social/afetivo.
Os obstáculos mais evidentes enfrentados por essas
crianças são: socialização e afetividade; adaptação à rotina;
coordenação motora fina; manuseio de materiais didáticos; aprendizado e
egocentrismo aguçado, pois a maioria das crianças não possui convívio
freqüente com outras da mesma faixa etária. E se possui ocorre em
situações informais, causando assim uma enorme dificuldade em se
relacionar com o outro, em partilhar e integrar-se ao grupo, esperar por
sua vez, seguir a rotina, as normas e regras estabelecidas no cotidiano
da escola e que, muitas vezes, essa mesma dificuldade acompanha o
indivíduo por toda a vida, já que não houve as instruções e
aprendizagens necessárias no momento oportuno (0 aos 6 anos), quando se
trata da formação da personalidade.
Robert Fulghum (2004) resume a importância da educação formalizada já na primeira infância, de 0 a 6 anos, da seguinte forma:
Tudo que eu precisava, mesmo, saber sobre como viver, o que fazer e como ser aprendi no jardim de infância. A sabedoria não estava no topo da montanha mais alta, no último ano de um curso superior, mas sim no tanque de areia do pátio da escolinha maternal. (p. 16).
As pessoas que cursaram a Educação Infantil
afirmaram, em respostas no questionário, se lembrar do que aprenderam,
seja em pouco, boa parte ou tudo, há registros do que foi aprendido e,
portanto, marca a vida adulta por lembranças, regras, valores e atitudes
aprendidas.
Das 40 pessoas, 35 creditaram a Educação
Infantil como "essencial", demonstrando que aos poucos essa etapa do
ensino tem se enraizado na sociedade, conquistando seu espaço e
desvelando sua importância embora ainda não o suficiente para
englobar-se na educação obrigatória em favorecimento de todas as
crianças e do desenvolvimento humano.
O cotidiano na Educação Infantil baseia-se
em uma rotina pré-estabelecida visando o desenvolvimento da criança.
Criança essa que, num futuro próximo, saberá a importância dos valores
morais, da partilha, da ajuda, da responsabilidade, dos direitos e
deveres; isso devido ao fato de que nas pequenas atitudes se formam
grandes cidadãos.
Fulghum (2004) traz o significado que construiu sobre a Educação Infantil, criando o Credo do Jardim de Infância:
O que aprendi: Dividir tudo com os companheiros; jogar conforme as regras do jogo; não bater em ninguém; guardar as coisas onde as tivesse encontrado; arrumar a 'bagunça' feita por mim; não tocar no que não é meu; pedir desculpas quando machucasse alguém; lavar as mãos antes de comer; apertar a descarga da privada; biscoito quente e leite frio fazem bem à saúde; fazer de tudo um pouco; estudar, pensar, desenhar e pintar, cantar e dançar, brincar e trabalhar, de tudo um pouco, todos os dias; tirar uma soneca todas as tardes; ao sair pelo mundo, ter cuidado com o trânsito, saber dar a mão e ter amigos; peixinhos dourados, porquinhos da índia, esquilos, hamsters e até a sementinha no copinho de plástico, tudo isso morre, nós também; lembrar dos livros de histórias infantis e de uma das primeiras palavras aprendidas, a mais importante de todas. Olhe! (p. 16).
Se esses itens, citados, forem aplicados na
vida adulta, no convívio cotidiano, a sociedade se modificará. Em
outras palavras, aprender a compartilhar as coisas que se sabe e que se
têm é fundamental para as atividades e o convívio em grupo, seja nessa
ou em outras fases escolares seja na carreira profissional; jogar com as
regras também é imprescindível para viver como cidadão engajado e
consciente; arrumar a bagunça e não tocar os pertences dos outros, assim
como os cuidados com a higiene de si e dos ambientes coletivos
demonstram respeito e pretendem gerar respeito; quanto à soneca da tarde
a própria ciência moderna atesta e a indica como um meio de prevenção
de doenças e acidentes no trabalho; experimentar as mais diversas
atividades intelectuais também aparece em pesquisas médico-científicas
como fator considerável para um desenvolvimento mais completo da mente,
do corpo e como facilitador das escolhas profissionais; a apresentação
de alguns processos complexos do ciclo da vida para as crianças pequenas
além de alimentar sua curiosidade e satisfazer a fase dos "porquês"
ajuda a explicar-lhes situações alheias à sua vontade e,
consequentemente, a lidar com as surpresas e frustrações que com certeza
acontecerão.
Desta forma, a Educação Infantil contribui
sim, na formação do indivíduo, e, consequentemente, do cidadão ativo e
participante da sociedade, pois transmite valores, regras, atitudes,
dentre outros que são essenciais e os quais serão lembrados e utilizados
por toda a vida, proporcionando experiências e interações com o mundo
social e físico de forma ajustada às sucessivas idades que abrange,
seguindo princípios pedagógicos de acordo com o desenvolvimento precoce.
Uma vez entendido o verdadeiro sentido
dessa etapa e a importância em relação à formação do homem, a educação
disporá de novos rumos que engrandeçam a sua ação para as crianças
pequenas. Quanto mais rapidamente Planos Educacionais forem
implementados na realidade educativa de instituições e profissionais, e
assim das crianças, mais eficazmente se reconhecerá a relevância e
premência da educação como instrumento de mudança da supra e
infraestrutura do país, uma vez que colabora para a formação crítica e
reflexiva do cidadão, e, quem sabe, o Brasil deixará de ser apenas o
país de um futuro que nunca chega.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, Celso. Educação Infantil: prioridade imprescindível. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil ? Secretaria de Educação. Volume I. Brasília, 2002a.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil ? Secretaria de Educação. Volume II. Brasília, 2002b.
BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil ? Secretaria de Educação. Volume III. Brasília, 2002c.
CRAIDY, Carmem & KAERCHER, Gládis (orgs.). Educação Infantil: pra que te quero? São Paulo: Artmed, 2001.
FULGHUM, Robert. Tudo o que eu devia saber aprendi no Jardim de Infância. São Paulo: Best Seller, 2004.
MOYLES, Janet. Só Brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
OLIVEIRA, Zilma Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2007.
PALACIOS, Jésus & PANIAGUA, Gema. Educação Infantil: resposta educativa à diversidade. Porto Alegre: Artmed, 2007.
Deveria colocar as referências como o autor do artigo, de onde foi tirado, dia, etc.
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